quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Dueto de Abrunhosa com Camané dedicado aos emigrantes




Pedro Abrunhosa junta-se a Camané e dedicam o tema "Para os braços da minha mãe" aos emigrantes portugueses. É uma composicao carregada de melancolia e saudosismo. O Pedro é, sem qualquer sombra de dúvida, um poeta cantor.



"Quero ir para casa
Embarcar num golpe de asa ...
(...)
Vim em passo de bala,
Com um diploma na mala,
Deixei o meu amor pra trás."


 A reportagem aqui





Obrigada, Pedro. 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A emigração como refúgo



Regra geral, hoje em dia há muita gente que decide emigrar por causa da tão famosa “crise”. No entando, a emigração pode também ter como pretexto o foro psicologico. Sentimental, vá. Um refúgio, como no meu caso.
Sempre tive uma relação bastante complicada com a minha família imediacta (pais e avós maternos). Filha única. Neta única. Toda aquela atenção, todos aqueles receios, medos e histórias do arco da velha sufocavam-me. Mentalidades e realidades completamente opostas à minha. Eu sempre acreditei em arriscar. Tentar, pelo menos. Principalmente quando não tinha nada a perder. “Vão-se os aneís, ficam-se os dedos”, como diz a minha avó. No culminar de uma vida famíliar meio disfuncional, desde os 17 anos vivia um amor assim meio confuso.  Queria escrever “pela pessoa errada”, mas 12 anos depois ainda nem cheguei a essa conclusão. Durante cerca de 6 anos vivi um amor doentio. Mas nao deixava de ser (é?) um amor, um sentimento que me fazia feliz mas ao mesm tempo me consumia a cada dia que passava. Sempre que tentava seguir com a minha vida, sempre que as coisas pareciam-se encaminhar lá vinha ele, qual lobo mau dos três porquinhos que com um simples sopro conseguia destruir a minha casa de palha. Era como se andasse constantemente a reunir os meus pedaços. De 3 em 3 meses. De 6 em 6, De ano a ano. Cruel, o filho da puta (coitdada da mae, que nao tem culpa nenhuma. Um amor de pessoa). Estáva realmente cansada. Desgastada. Seca, até. Entretanto, já nem sei bem como numa idao ao Algarve conectei com o E. Um rapaz assim porreiro. Um ano mais velho. Doce. E a cuisa fluíu. Era doido por mim. Um ano depois de estarmos já com uma relação estável, ele começou a falar em emigrar. A familia maternal estava bem estabelecida. Ajudar-nos-ia. Teriamos trabalho, cama, comida e roupa lavada mal chegassemos. A ideia nao me soou nada mal. Eu sempre quis emigrar. Sempre disse aos meus pais “eu nao vou morrer aqui”. Eles é que nunca me deram ouvidos. A relação fluia, eu estava apaixonada pelo E., e sair dalí representaria a minha liberdade. Não ter que conviver diariamente com tudo aquilo que me atormentava pareceu-me o ideal. Soltar todas as amarras daquela cidade que nao me deixavam seguir plenamente em frente.
E vim. Em 2008 entrei num aviao com destino a Vancouver. A tentar fugir de mim. A fugir de tudo aquilo que mais amava, os meus pais, os meus amigos, a minha cidade e o tal.  Ainda olhei para trás, naquele aeroporto, cheio de desconhecidos, gente que me quer bem com a esperanca que ele aparecesse  para me resgatar (sim eu sei, vejo muitos filmes).
Em suma, fugi de tudo aquilo que mais amava, que me perturbava e que não tinha nem mais coragem nem forças para enfrentar. A emigração nao foi uma decisao tomada de ânimo leve. Muito menos uma necessidade. Nem nunca tentei procurar emprego na minha área. Empacotei a minha vida em 2 malas de 32 kilos e meti-me num avião para um continente, aqui bem do outro lado do mundo. But guess what? Não foram só as roupas que vieram. Todo o resto empacotou-se sozinho e emigrou também. A bagagem física. E a cabra da psicologica. Intrusa. A emigração foi (é) pura e simplesmente um refúgio. 


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Angola à vista



            Esta é a história de uma jovem que quis seguir, à força toda, o seu grande sonho de trabalhar em África! Esta é a minha história! (Muitooooo resumida).
Desde que comecei o estágio curricular do meu curso (Educação de Infância e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico) e a perceber melhor o mundo das crianças, que senti uma enorme vontade de trabalhar com crianças, digamos, diferentes. Crianças de outras raças, de outras culturas. Crianças que não tenham tudo à mão, tudo tão facilitado, como as crianças com quem estava a trabalhar. Crianças que têm pouco, ou nada e, que, talvez por isso, são crianças que dão muito mais valor ao pouco que têm e valorizam muito mais a escola, porque sabem que o futuro delas pode depender desse esforço, porque talvez estejam cansadas de viver no mundo que vivem e tenham vontade de conhecer mais para poder um dia mudá-lo. Pelo menos é assim que eu vejo as coisas. Pelo menos até alguém tentar fazer-me mudar de ideias um dia. Ou não!
Ainda antes de terminar o mestrado e, devido à famosa crise, decidi que procurar trabalho o mais depressa possível era uma escolha mais que acertada. Comecei então a procurar. Durante um ano e pouco passei por anúncios que recrutavam para Timor, Guiné, Moçambique, São Tomé, Cabo Verde. Um sonho! Desvantagem? Não remunerados! O que não me dá jeito nenhum porque nem ganhei o euromilhões, ainda, nem tenho descendência aristocrática. Procurei, até que um dia, no meio de tantos “não remunerados” vejo o anúncio perfeito “Educadora de Infância para Angola”. Fui ver e era remunerado! É uma empresa privada que vai receber crianças, com mais possibilidades que eu provavelmente. Mas temos que começar por algum lado, certo? E achei que só o facto de ir para Angola era dar já o maior passo! Concorri, claro! E claro também que sempre achei que não só não ia ser chamada, como achava que nem sequer me iam responder, pois toda a gente sabe como é difícil alguém sem experiência na área arranjar emprego. Mesmo assim decidi enviar o currículo. Heis que passadas umas 3 ou 4 horas (sim horas!), recebo um e-mail de resposta com várias perguntas sobre mim e a marcar entrevista! Fiquei louca! Não consegui adormecer nessa noite! Passados uns dias lá fui à entrevista onde me foram dadas todas as informações sobre a empresa e condições, e depois de 3 horas à conversa… disseram-me para começar a tratar do passaporte e dos documentos necessários para o visto! Não estava em mim com tanta felicidade! Apetecia-me gritar ao mundo, chegar à rua e berrar tão alto que toda a gente ficasse a saber, mas depois controlei-me, não fossem achar-me louca e despedir-me ainda antes de assinar o contrato!
Comecei então a tratar da papelada toda (e que papelada!), dediquei-me a terminar o curso para que, quando terminasse, poder embarcar. Estava tão enganada…
Acabado o curso, idas intermináveis ao consulado, papelada tratada, listas de coisas a não esquecer em Portugal, pensava que estava pronta a dar o último passo, pedir o visto. Mas como diz o ditado, a pensar…! E diz muito bem o ditado! Faltava, e falta ainda, receber muitaaaaa papelada que diz respeito à empresa angolana, porque aquilo por lá parece que ainda funciona um bocadinho a carvão (sem maldades, que eu cá gosto muito de carvão!). E pronto, resta-me senão esperar, esperar, esperar até que cheguem os tão desejados documentos para poder seguir com a minha vida em frente!
Entretanto, fui contando claro, aos pouquinhos, para não se fazer grande alarido disto, aos meus amigos e conhecidos deste enorme passo. Reações? Amigos: na boa! Já sabiam que isto ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Conhecidos: boca aberta! Algumas até se ver o “sininho”. E que giros que alguns são! Eheh. Fui ouvindo os mais diferentes comentários como: “ganda maluca”, “tás louca?”, “estiveste a beber o quê?”, “ai tão engraçado”, “ai quem me dera”. Mas houve dois que se destacaram mais, que foi o “arranja-me para mim também lá” e o “que corajosa”. Relativamente ao “arranja-me para mim também lá” veio tanto de jovens como de pessoas ditas “com uma certa idade”, de pessoas que eu até estava à espera e de pessoas que eu achava que quem as arrancasse de dois quarteirões de casa morriam (aqui fui eu que mostrei o meu sininho ao mundo). Se eu pudesse arranjava sim, para quem quisesse ir, mas infelizmente não é assim tão fácil… Relativamente ao comentário “que corajosa”, não fiquei de boca aberta, mas fiquei com o cérebro trocado, também pela quantidade de vezes com que o ouvi e continuo a ouvir. Não me vejo como corajosa, a ter um ato de coragem, pelo menos não neste aspeto. Não? Não! Porque acho que para realizarmos os nossos sonhos não precisamos de coragem, precisamos de atitude e determinação. Só assim conseguiremos realizar os nossos sonhos e sermos felizes, a fazer o que realmente gostamos.
E um dia… um dia vou conseguir ter os dois trabalhos, o que me espera neste momento e nos tempos livres, o de ajudar as crianças que precisam de mim, numa “escola” com duas paredes, onde o giz é uma pedra. Onde vou ter um monte de crianças à minha volta cheias de curiosidade, a querer conhecer o mundo. E eu vou ensinar-lhes tudo o que sei! E o que ainda vou aprender!
Desejem-me sorte! :) 





Boa sorte, Verinha! Ficamos a torcer por ti... :) 

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Emigrar versus Imigrar




Os verbos emigrar e imigrar têm em comum o significado de migrar, e somente diferem no ponto de vista, ora vejamos:

Emigrar -  "sair, temporária ou definitivamente, do seu país ou região"
Imigrar - "entrar e fixar-se, periódica ou definitivamente, num outro país ou região

A F. emigrou para o Canadá (relativamente a Portugal)
A F. imigrou e já vive no Canadá há 6 anos .

Logo, eu sou Emigrante em Portugal e Imigrante no Canadá.